A aprendizagem e o ensino num ambiente online
- 20/05/2024
- NOWA
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A aprendizagem e o ensino num ambiente online é, em muitos aspectos, como o ensino e a aprendizagem noutro qualquer contexto educativo formal: as necessidades dos aprendentes são avaliadas; o conteúdo é negociado ou estabelecido; as actividades de aprendizagem são orquestradas; e a aprendizagem é avaliada. Contudo, o efeito invasivo do medium online cria uma atmosfera única para o ensino e para a aprendizagem. A característica mais atractiva deste contexto é a capacidade para tornar versátil o tempo e o local da interacção educativa. Em seguida temos a possibilidade de ter conteúdo em diversos formatos, incluindo multimédia, vídeo e texto, o que dá acesso a conteúdos didácticos que exploram todos os atributos dos media. Em terceiro lugar, a capacidade da Net para permitir o acesso a enormes repositórios de informação sobre todos os assuntos – incluindo os conteúdos criados pelo professor e seus alunos – cria recursos de aprendizagem e estudo anteriormente apenas disponíveis em grandes bibliotecas de investigação e agora acessíveis em todos os lares e locais de trabalho. Finalmente, a capacidade de permitir a interacção homem-máquina numa variedade de formatos (texto, voz, vídeo,etc) em ambas as modalidades, síncrona e assíncrona, cria um eficaz contexto de aprendizagem e comunicação.
Para proporcionar um esquema mental para se pensar, num contexto de ensino e aprendizagem, Garrison, Anderson e Archer (2000) desenvolveram um modelo conceptual de aprendizagem online por eles referido como o modelo de “comunidade de aprendizagem”. Este modelo (ver figura 1) postula que uma aprendizagem profunda e significativa resulta quando existem níveis suficientes de três tipos de “presenças”. A primeira é um grau suficiente de presença cognitiva de tal forma que uma aprendizagem séria pode ocorrer num ambiente que apoia o desenvolvimento e o crescimento de capacidades a nível do pensamento crítico. A presença cognitiva é baseada e definida pelo estudo de um determinado conteúdo; assim, funciona na área epistemológica, cultural e da expressão social desse conteúdo numa abordagem que apoia o desenvolvimento das capacidades do pensamento crítico. (McPeck,1990; Garrison,1991). A segunda, presença social, prende-se com a criação de um tal ambiente de apoio, que os alunos se sintam suficientemente à vontade, assim como com segurança para expressarem as suas ideias num contexto colaborativo. A ausência de presença social leva a uma incapacidade para exprimir discordâncias, para partilhar pontos de vista, para explorar diferenças, e para aceitar o apoio e concordância dos seus colegas e do professor. Finalmente, na educação formal, ao contrário das oportunidades de aprendizagem informal, a presença de ensino é fundamental por uma série de razões.
Num trabalho sobre a presença de ensino, Anderson, Rourke, Archer e Garrison (2001) delinearam três papéis críticos desempenhados pelo professor no processo de criação de uma efectiva presença de ensino. O primeiro destes três papéis é a concepção e organização da experiência de aprendizagem que ocorre antes e durante o estabelecimento da comunidade de aprendizagem. Em segundo lugar, o ensino implica conceber e implementar actividades que incentivem discussões entre dois ou vários alunos, entre o professor e o aluno, e entre alunos individuais e grupos de alunos e fontes de informação (Anderson, 2002). Em terceiro lugar, o papel de ensinar ultrapassa o do moderador de experiências educativas quando o professor contribui com a sua expertise nos conteúdos através de uma variedade de formas de instrução directa. A criação da presença de ensino nem sempre é a única tarefa do professor formal. Em muitos contextos, especialmente quando se ensina num nível sénior universitário, a presença de ensino é delegada nos, ou assumida pelos, estudantes quando estes contribuem com as suas próprias capacidades e conhecimentos para o desenvolvimento da comunidade educativa.
Para além destas tarefas, na educação formal, a instituição e seus funcionários estão geralmente a cumprir um papel de acreditação crucial que envolve a avaliação e a certificação da aprendizagem do aluno.